“Bem-aventurado aquele a quem escolhes” ( Salmo 65:4)
Nos limites das regras de interpretação bíblica (hermenêutica), tem-se assentado que os livros poéticos não são adequados para formular e estruturar doutrinas, nem que seja apropriado firmar doutrina em um versículo bíblico isolado do todo. Assim, não se poderia, nem se deveria utilizar este texto para sustentar a doutrina da eleição. Evidentemente que o texto aqui apontado faz referência ao fato de haver uma bem-aventurança grandiosa em relação àquele que é escolhido pelo Senhor.
A Escritura Sagrada fala, em vários e muitos lugares, sobre este aspecto da ação de Deus em escolher, eleger e predestinar, sendo impossível fugir ao fato desta afirmação clara na Bíblia. As interpretações sobre o entendimento do que seja tal escolha ou eleição, podem variar e variam.
Em nosso texto o salmista afirma que é bem-aventurado aquele a quem Deus escolhe. Pode-se ver que é uma ação de Deus a de escolher. É moção de Deus e não fruto do agir do que é abençoado. Não é por ser bem-aventurado que é escolhido, mas torna-se bem-aventurado pelo fato de ser escolhido. É manifestação livre da graciosa vontade do Deus soberano fazer com que seja experimentada por tal pessoa, Sua salvação e a comunhão com Ele.
O texto, na sua sequência, aponta o fato de que tal pessoa foi escolhida e assim aproximada do Senhor, levada à comunhão com Ele, à vivência com o Senhor que a escolheu. A comunhão com Deus, fruto da escolha de Deus, se manifesta no âmbito da habitação de Deus que, no Antigo Testamento, se vinculava mais fortemente ao templo.
A bem-aventurança ocorre, então, pelo fato de ser a pessoa escolhida, aproximada dAquele que a escolheu e levada a assistir (participar) nos átrios (lugar do templo) da habitação de Deus. Escolhido(a) para a salvação, para a comunhão e para o serviço.
Alegremo-nos por este privilégio de sermos bem-aventurados, escolhidos por Ele para esta santa comunhão.
Deus nos abençoe.
Rev. Paulo Audebert Delage.