segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bem-aventurado (7)


“ Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o Senhor o livra no dia do mal”

É estimulante olhar o que o salmista fala na sequência deste versículo inicial do salmo. Há um número expressivo de promessas e de manifestações amoráveis do Senhor para com o que assim procede.

É claro que não se deve buscar esta bem-aventurança pelos efeitos dela decorrente, ou pelos resultados apontados pelo salmista nos versos 2 e 3. No entanto, o Senhor Se envolve com promessas para com aquele que assim se comporta, não pelos resultados, mas pelo fato em si e que é demonstração do caráter cristão regenerado.

O fato principal realçado pelo salmista é a relação que se estabelece com o necessitado. Esta figura sempre existirá ao nosso redor. Não há como não existir necessitado. Talvez não necessite provisão material imediata, ou sustento físico de alimento. Entretanto, certamente haverá alguma forma de necessidade. É possível que seja necessidade afetiva, carência emocional ou de companhia devido à solidão existencial na qual está mergulhada tal pessoa. Nossas carências-necessidades são muitas e variadas. O próprio salmista diz : “eu sou pobre e necessitado ...” ( Sl.40.17). Ora quem fala é o rei Davi, homem poderoso, rico, saudável, famoso, mas, também, necessitado.

Bem-aventurado aquele que acode ao que tem alguma necessidade. Acudir nem sempre é fácil ou tranquilo. Envolve muito mais do que dar algo e ver-se livre do que é carente. Aliás há quem imagina que isto seja socorrer. Isto é, na verdade, “só correr”, ou seja, você dá algo para ver-se livre do outro o quanto antes. Socorrer implica a idéia de envolver-se, solidarizar-se, compadecer-se. Dar o prato de comida, algum dinheiro para alimento ou remédio é um modo de socorro, mas a bem-aventurança envolve a solidariedade para com o que tem a necessidade, além do mero ato de lhe dar alguma coisa material. Em Cristo vemos o que seja socorrer e, por conseguinte, o que é ser bem-aventurado. Que sigamos o exemplo de nosso Senhor e sejamos igualmente bem-aventurados por acudirmos ao necessitado.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Bem aventurado (6)


“Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança” (Sl.40:4)

O contexto imediatamente anterior ao verso 4, nos fala da situação vivida pelo salmista. Sua experiência fôra extraordinária em termos da manifestação portentosa de Deus em resgatá-lo. Sua condição era de alguém chafurdado, atolado na lama e no lodo. Mas, a mão poderosa do Senhor o alcançou e o resgatou, tirando-o do meio movediço onde estava, dando-lhe a firmeza sobre a rocha.

Esta realidade de resgate e transformação operada pelo Senhor, levou o cantor sacro a louvar a Deus e reconhecer Seu poder, glória e misericórdia. Ele entendeu que toda a ação libertadora e restauradora repousava tão somente na vontade e poder de Deus. A impossibilidade de resgatar-se ficara clara para ele e, portanto, sua declaração é objetiva e precisa: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança”.

Esta expressão nos remete ao profeta Jeremias que , em certo modo, reflete a mesma postura do salmista quando afirma: “Bendito o homem que confia no Senhor” (Jr.17:7). Assim como o salmista entendera que não poderia confiar em si mesmo para seu resgate, de igual modo o profeta enfatiza: “maldito o homem que confia no homem”(Jr.,17:5). Nesta afirmação de Jeremias temos a tendência de pensar no outro homem (ser humano). Isto é verdade. Mas, a extensão deste ensino não está direcionada apenas ao outro, mas também a mim. Assim, maldito aquele que confia em sua própria força humana, em sua capacidade, bondade e virtude. Maldito é aquele que confia em si mesmo, em contraste com aquele que deposita no Senhor sua confiança.

A arrogância humana faz com que busquemos em nós o socorro e depositemos nossas esperanças em nossos restritos recursos. Daí o salmista (como Jeremias) dizer que a bem-aventurada confiança no Senhor é contrastada com a desdita ou infelicidade de pender ou inclinar-se para os arrogantes.

Deixemos de lado a prepotência e sobranceria humanas e confiemos com humildade no Senhor e na manifestação de Sua bondade, poder e graça, sendo assim chamados, mais uma vez, bem-aventurados.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

Bem aventurado (5)


“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada e cujo pecado é coberto” (Salmo 32:1).

Que consolação, que segurança, que certeza, que bênção! O salmista faz esta afirmação que nos leva a descansar e transbordar de alegria o nosso interior. De fato, poder desfrutar esta certeza é algo sublime e maravilhoso.

Há aspectos vários na recepção desta palavra de bem-aventurança. A pessoa que desfruta desta convicção tem a possibilidade de ver resolvidos seus dramas e conflitos interiores gerados pela percepção da culpa. Ao ouvir esta palavra e dela se apropriar, tem seu espírito aliviado de sua dor aflitiva, pois sabe que já não lhe pode pesar mais nenhuma cobrança visto que sua iniqüidade já foi perdoada. Neste sentido a esfera emocional é alcançada por esta bênção e experimenta o descanso.

Quando pensamos que o rei Davi foi quem escreveu este texto, lembramo-nos que também o aspecto social é alcançado por esta bem-aventurança. Seu pecado foi coberto. Percebamos que não está mais encoberto. O pecado foi assumido como tal, confessado e tratado com arrependimento. O que era encoberto e gerava angústia e fazia adoecer, foi descoberto, ou seja, confessado, vindo a ser coberto, isto é, estar sob a ação perdoadora de Deus, mediante o sangue derramado para a remissão da iniqüidade e restauração do penitente. A restauração social é um efeito do perdão do pecado.

Além do mundo emocional e social, vemos que esta palavra do salmista traz-nos uma consolação sem comparações, já que nos garante a felicidade por termos nossas iniqüidades perdoadas. O sentido desta afirmação extravasa os limites do emocional e do social, alcançando as raias do espiritual e do eterno. Não há mais sobre mim a pena de condenação eterna, não mais pesa sobre mim o fardo da aflição perpétua longe da graça e da consolação do Senhor. O apóstolo Paulo afirma, juntando-se ao salmista: “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). A consciência de que a iniqüidade foi perdoada é geradora de paz eterna.
Louvado seja o Senhor.

Nosso pecado confessado e abandonado, do qual nos arrependemos, está coberto pelo sangue de Jesus “que nos purifica” (I João 1:7). Por isso, bem-aventurado o que assim crê e que disto se apropria.

Deus seja louvado.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sábado, 4 de outubro de 2008

Bem aventurado (3)


"Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite." Salmo 1: 2

Falamos sobre aquele que é bem-aventurado nos moldes do verso 1 deste salmo, sob um enfoque do deixar de fazer. Agora a bem-aventurança se reveste do aspecto do fazer.

A manifestação de beatitude ocorre pelo fato de meditar na Palavra do Senhor (Sua Lei) de dia e de noite. Tal figura não pode nos conduzir ao erro de pensar que tal pessoa se põe a ler a Bíblia o tempo todo em todos os seus dias. A idéia de constância ou permanência na vinculação à Lei do Senhor, ocorre no meditar.

Em contraste com a situação expressa no verso 1, a direção da vida deste piedoso se dá pela observância dos princípios na Lei do Senhor. Meditar tem o sentido de refletir, pensar, analisar com profundidade e vagar. É um processo que deve estar presente em nosso viver permanentemente. A influência da Palavra deve permear toda a estrutura de minha vida.

O exercício do constante meditar não se torna entediante ou fastidioso ao que assim se porta, antes é motivo de prazer e satisfação. Há, em seu coração, manifestação de regozijo e nisto, de fato, se alegra. Seu caminhar não é dirigido pelo mero instinto, muito menos pelas diretrizes oferecidas pelos ímpios, mas transborda de felicidade por saber que está caminhando em consonância com as determinações do Senhor.

Pode-se perceber que ocorre uma constante interação, pois tem prazer e medita e meditar trará prazer, que levará ao desejo de meditar. Neste processo cíclico o piedoso será sempre considerado bem-aventurado.

Sejamos bem-aventurados por meditarmos dia e noite na Palavra do Senhor.

Que Ele nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

Bem-aventurado ( 4 )


“Bem-aventurados todos os que nEle se refugiam” (Salmo 2:12)

Refúgio, abrigo, guarida, amparo, proteção. Todas estas palavras estão ligadas a uma das mais profundas necessidades vivenciadas pelo ser humano; a segurança.
Aqueles que vivenciaram a experiência aflitiva da incerteza e da instabilidade, sentindo-se sem o conforto do amparo e vieram a alcançar lugar de estabilidade e segurança, entendem a profundidade e o sentido desta bem-aventurança.


A bênção se manifesta não só pelo fato de nEle termos abrigo e ser Ele o nosso Refúgio (Salmo 46), mas, também, de ser este um lugar onde verdadeiramente encontramos consolo e regozijo. É preciso que se tenha esta percepção, posto haver quem encontre lugar de refúgio, mas tal local não é de bem-aventurança, é, ao contrário, gerador de maior ruína na vida daquele(a) que ali se “esconde” ou se abriga.


Analisem e vejam quantos se “refugiam” no álcool com o intuito de “afogar” suas mágoas e decepções. Quantos há que buscam refugiar-se na medicação que nada mais é (neste caso) que um “ponto de parada” de sua fuga frenética e doentia? Pensem nos que se afundam nos vícios por vislumbrarem nas drogas um refúgio e lugar seguro contra suas angústias. Sim, há coberturas que não cobrem, há abrigos que não abrigam, há proteções que não protegem, há agasalhos que não agasalham, e tantos são os que desditosamente estão se ligando a estes ineficazes refúgios, tornando-se cada vez mais escravizados à infelicidade. Tenha deles misericórdia o Senhor nosso Deus!


Bem-aventurados somos nós e todos quantos conhecem e se refugiam no Senhor Jesus, Aquele que é “socorro bem presente nas horas das tribulações” (Salmo 46:1).

Deus nos abençoe.
Rev. Paulo Audebert Delage.