sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Bem aventurado (6)


“Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança” (Sl.40:4)

O contexto imediatamente anterior ao verso 4, nos fala da situação vivida pelo salmista. Sua experiência fôra extraordinária em termos da manifestação portentosa de Deus em resgatá-lo. Sua condição era de alguém chafurdado, atolado na lama e no lodo. Mas, a mão poderosa do Senhor o alcançou e o resgatou, tirando-o do meio movediço onde estava, dando-lhe a firmeza sobre a rocha.

Esta realidade de resgate e transformação operada pelo Senhor, levou o cantor sacro a louvar a Deus e reconhecer Seu poder, glória e misericórdia. Ele entendeu que toda a ação libertadora e restauradora repousava tão somente na vontade e poder de Deus. A impossibilidade de resgatar-se ficara clara para ele e, portanto, sua declaração é objetiva e precisa: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança”.

Esta expressão nos remete ao profeta Jeremias que , em certo modo, reflete a mesma postura do salmista quando afirma: “Bendito o homem que confia no Senhor” (Jr.17:7). Assim como o salmista entendera que não poderia confiar em si mesmo para seu resgate, de igual modo o profeta enfatiza: “maldito o homem que confia no homem”(Jr.,17:5). Nesta afirmação de Jeremias temos a tendência de pensar no outro homem (ser humano). Isto é verdade. Mas, a extensão deste ensino não está direcionada apenas ao outro, mas também a mim. Assim, maldito aquele que confia em sua própria força humana, em sua capacidade, bondade e virtude. Maldito é aquele que confia em si mesmo, em contraste com aquele que deposita no Senhor sua confiança.

A arrogância humana faz com que busquemos em nós o socorro e depositemos nossas esperanças em nossos restritos recursos. Daí o salmista (como Jeremias) dizer que a bem-aventurada confiança no Senhor é contrastada com a desdita ou infelicidade de pender ou inclinar-se para os arrogantes.

Deixemos de lado a prepotência e sobranceria humanas e confiemos com humildade no Senhor e na manifestação de Sua bondade, poder e graça, sendo assim chamados, mais uma vez, bem-aventurados.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage