sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

BEM-AVENTURADO (14)

"Bem-aventurado o povo a quem assim sucede!" Sl 144:15

Pode-se perceber, facilmente, que esta bem-aventurança não se liga a uma pessoa, mas ao conjunto social por elas formado, a saber um povo ou nação. Claro que nossa perspectiva protestante é, essencialmente, individualizante e individualizada. Nossa percepção de social, coletividade ou comunidade é pequena. A relação com Deus (salvação, esperança, fé, etc), está sempre focada no individual. O comunitário, quando ocorre, é apenas o somatório dos individuais.

O salmista apresenta uma figura em que a ênfase da bem-aventurança não é o indivíduo, mas o povo, fugindo à percepção do estreitamento personalístico da beatitude. Nós–povo, não apenas eu–indivíduo. De que fala o escritor? A que se refere? Qual o conteúdo da beatitude? Se lermos apenas o verso 15 (a), não entenderemos. É preciso,portanto, ler os versos anteriores, onde são apresentadas manisfestações de vitória, triunfo e sucesso.

A vida familiar,agrícola-pastoril, comercial e sócio-política são enfatizadas nessas linhas do salmo, como fruto da ação graciosa e misericordiosa do Senhor. De fato, não há como negar que ao povo a que tais circunstâncias sucedem, a graça comum de Deus se manifesta e tal povo pode ser visto como abençoado. Não se trata aqui de pensar que toda esta gente (nação) seja salva. A ênfase é no aspecto sócio-político-econômico, visto aqui como elemento indicativo da ação benfazeja de Deus.

Nós, como igreja, somos alvo dessa bênção, mas desejamos e oramos para que isto se estenda sobre nós brasileiros, na condição de povo. Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Delage