“Bem-aventurado o homem que[...]se guarda de profanar o sábado, e guarda sua mão de cometer algum mal” (Isaías,56:2).
O assunto desta bem-aventurança é a observância (ou não profanação) do sábado. Devemos, antes de mais nada , esclarecer que não se trata aqui do dia apontado no calendário, ao qual se dá o nome de sábado. Há países em que este dia tem outro nome. Trata-se, portanto, do “dia de descanso”, uma vez que a tradução da palavra “sábado” é descanso. Deve-se notar que há referência na Bíblia a “sábados”, ou seja dias de descanso, e de caráter distintivo sacralizante. Havia até mesmo um “ano sabático”, ou seja um ano inteiro de descanso.
No judaismo ainda se mantém a observância de guarda do sétimo dia, para culto e adoração a Javé (Jeová). Também os Adventistas do Sétimo Dia mantêm esta prática e se aferram neste ponto como um dos fundamentais.
A cristandade, de modo geral, busca entender que tal manifestação do Senhor é o estabelecimento de um “tempo sagrado”, em distinção ao profano e secular. Nós reformados seguimos a tradição bíblica-cristã da observância do domingo (significa “do Senhor”), ou o primeiro dia da semana. Claro que o sentido de observância de nossa parte não é o dos judeus em relação ao sábado, já que para nós a salvação não é por guarda de dias ou coisas assim.
Pode-se ver a orientação dos reformadores calvinistas expressa na Confissão de Fé de Westminster capítulo XXI ítens VII e VIII onde se ensina a necessidade de abstinência de práticas “de negócios ordinários” (inclusive recreações) e “ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e de misericórdia”.
De fato, aquele que guarda este descanso é bem-aventurado (ditoso), porque o emprega para adorar e servir, de modo especial, ao Senhor e, também, pelo fato de dar a si mesmo o repouso próprio e necessário como ser humano. A sabedoria de Deus é plena e Ele, que nos criou, sabe que necessitamos de um descanso para restauração de nossa energia, ou haverá um desgaste execessivo de nossa estrutura com a cobrança deste “sobre-uso”. Guardar o descanso não é só religião, é também saúde e ciência.
Seja bem-aventurado observando e guardando um dia de descanso, como preceito e orientação do Senhor, usando-o para a participação no Serviço do Senhor.
Rv. Paulo Audebert Delage.
Rv. Paulo Audebert Delage.