sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

BEM-AVENTURADO (16)


“Bem-aventurado o que tem Deus por auxílio...cuja esperança está em Deus” (Salmo 146:5)

Esta é a última expressão de bem-aventurança no livro dos salmos. O final não poderia ser mais estimulante e sugestivo a nós ainda hoje. Dois aspectos de grande importância à vida humana são destacados neste texto: o auxílio e a esperança.

No primeiro vê-se o aspecto do sentimento de proteção, amparo e socorro, que vem satisfazer uma das necessidades básicas do ser humano, a saber: segurança. Nestes tempos trevosos de inseguranças de toda ordem e em todas as esferas, sobretudo no universo físico, seja pela ameaça individual da violência urbana (assaltos, roubos, assassinatos, etc), pela ameaça ambiental com risco de aquecimento global e consequências catastróficas para a humanidade, pela ameaça econômica com risco de um colapso mundial quanto ao desemprego; é privilegiado aquele e aquela que podem desfrutar desta convicção e segurança de ter tal auxílio em Deus. Não se fala em isenção de, mas auxílio em, ou seja, estamos sujeitos a estas formas de agressão, mas neste ambiente estamos debaixo do auxílio e cuidado do Senhor.

Tem-se, no segundo, o sentimento de esperança. Esta (esperança) tem suas raízes fincadas na alma humana. Este sentimento é tão forte que deu motivo a conhecido dito popular: a esperança é a última que morre. De fato, se não se tem esperança, significa ter morrido. Somos movidos a esperança, mais do que sonhos, até porque estes são apenas esperanças que ansiamos sejam concretizadas.


Os pais esperam o nascimento dos filhos, esperam seu crescimento, sua formação, sua formatura, seu trabalho, seu sucesso, sua família, seus filhos. Você e eu esperamos crescer, estudar, formar, constituir família, aposentar, ver e “paparicar” netos, e temos a esperança de morrermos em serena e ditosa velhice. Até no morrer, temos forma de esperança. Feliz e bem-aventurado aquele ou aquela cuja esperança está em Deus.


Todas as esperanças se baseiam e se firmam na esperança maior que está no Senhor. Se esta manifestação de esperança não existe e “se nossa esperança ...se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os seres humanos” (I Co.,15:19).

Louvado seja Deus porque O temos por nosso auxílio e nEle está nossa esperança, fazendo-nos, por isso, bem-aventurados.

O Senhor mantenha sobre nós Sua bênção.

Rv. Paulo Audebert Delage.

BEM-AVENTURADO (15)


“Bem-aventurada a que creu... desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada.” (Lc 1:45 (a) e 48 (b) )

Neste tempo de celebração natalina permito-me dar este salto nos escritos sobre bem-aventuranças, deixando o livro de Salmos para o Evangelho escrito por Lucas. Embora seja muito grande, tal salto é justificável.

Pode-se observar que a forma masculina usada nas 14 meditações anteriores é substituída pela feminina. Não mais bem-aventurado, mas bem-aventurada. A referência elogiosa é feita a Maria, por sua prima Isabel, e pela própria Maria em relação a si mesma. De fato, o alvo das duas passagens referentes a estas bem-aventuranças é Maria, mãe de nosso Salvador.

A palavra grega usada nos textos apontados é a mesma encontrada em Mateus capítulo 5, onde são apresentadas as bem-aventuranças. Claro está que a diferença se faz no fato de que no texto de Lucas é singular feminino. Neste sentido encontra-se também em Lucas (11:27) outra vez referência a Maria como bem-aventurada. Neste contexto Jesus afirma, em resposta, que bem-aventurado aquele que ouve e guarda a Palavra de Deus. Maria está inserida neste aspecto, uma vez que ouviu e guardou (obedeceu) a Palavra do Senhor, sendo, portanto, bem-aventuda mais uma vez.

Qual ou quais as razões destas afirmações? Algumas serão ressaltadas a seguir:

1ª) Uma entre milhares: Havia centenas e milhares de outras virgens em Israel em iguais condições às de Maria. No entanto, foi ela a escolhida. Isto é distinção inigualável e não pode jamais ser minimizada ou desprezada por quem quer que seja.

2ª) Suas atitudes: Dentre estas destacam-se:

A) Fé: Ela creu na palavra do anjo; na ação de Deus; no cumprimento das promessas; foi vida de fé.
B) Submissão: Aceitou a manifestação da vontade de Deus e sujeitou-se a Seu propósito, mesmo sob risco de sua integridade moral e física.
C) Simplicidade: Ao falar de humildade não se refere ao contraste do orgulho, mas de sua condição ante a face do Senhor e sua condição de vida.
D) Dependência: “Meu Salvador” é expressão significativa e indica sua dependência de Deus quanto à sua redenção, salvação e resgate de sua condição de pecadora como todos os demais seres humanos.

Outras posturas e atitudes poderiam ser apresentadas nesta meditação, com o fito de justificar e fundamentar a merecida, devida e justa designação de Maria como bem-aventurada. Façamos nós protestantes, ainda hoje, coro com todas as gerações passadas e vindouras, neste tempo de Natal e em todos os outros, reconhecendo e honrando a mãe de nosso Salvador, chamando-a: Maria; bem-aventurada.

Deus nos abençoe e ajude.

Rev. Paulo Delage

BEM-AVENTURADO (14)

"Bem-aventurado o povo a quem assim sucede!" Sl 144:15

Pode-se perceber, facilmente, que esta bem-aventurança não se liga a uma pessoa, mas ao conjunto social por elas formado, a saber um povo ou nação. Claro que nossa perspectiva protestante é, essencialmente, individualizante e individualizada. Nossa percepção de social, coletividade ou comunidade é pequena. A relação com Deus (salvação, esperança, fé, etc), está sempre focada no individual. O comunitário, quando ocorre, é apenas o somatório dos individuais.

O salmista apresenta uma figura em que a ênfase da bem-aventurança não é o indivíduo, mas o povo, fugindo à percepção do estreitamento personalístico da beatitude. Nós–povo, não apenas eu–indivíduo. De que fala o escritor? A que se refere? Qual o conteúdo da beatitude? Se lermos apenas o verso 15 (a), não entenderemos. É preciso,portanto, ler os versos anteriores, onde são apresentadas manisfestações de vitória, triunfo e sucesso.

A vida familiar,agrícola-pastoril, comercial e sócio-política são enfatizadas nessas linhas do salmo, como fruto da ação graciosa e misericordiosa do Senhor. De fato, não há como negar que ao povo a que tais circunstâncias sucedem, a graça comum de Deus se manifesta e tal povo pode ser visto como abençoado. Não se trata aqui de pensar que toda esta gente (nação) seja salva. A ênfase é no aspecto sócio-político-econômico, visto aqui como elemento indicativo da ação benfazeja de Deus.

Nós, como igreja, somos alvo dessa bênção, mas desejamos e oramos para que isto se estenda sobre nós brasileiros, na condição de povo. Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Delage

Bem-aventurado (13)


"Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho..." (Salmo 119:1)
Diante de nós encontra-se mais uma promessa e ao mesmo tempo um repto ou desafio: a bem-aventurança ligada ao exercício de uma tarefa muito difícil.
O assunto desta beatitude é ser irrepreensível, o que gera em todos nós uma postura de reserva ou retraimento.
É comum ouvirmos de nós mesmos que somos repreensíveis ou, de outro modo, que não somos
irrepreensíveis. Mas, é interessante como nos tomamos de brio quando outra pessoa diz isto de nós e a nós. Nós somos repreensíveis, mas não gostamos de ouvir isto de forma pessoal e direta.

O salmista deixa claro que é bem-aventurado aquele que é irrepreensível em seu caminho, ou seja, em seu viver. A pergunta é esta: quem será alvo desta glória? Não parece uma pergunta de resposta fácil, dada a condição pecaminosa e corrupta da raça humana. Neste sentido absoluto, ninguém pode ser bem-aventurado, já que todos somos pecadores e pecamos.
O que nos resta então? Claro está que a resposta é dada na seqüência do texto: "... que andam na lei do Senhor". Portanto, trata-se de andar em conformidade com a diretriz de Deus, dentro da condição humana da qual participamos na contingência em que nos vemos inseridos. Diante do Senhor sempre seremos repreensíveis, mas ante os homens devemos ser irrepreensíveis por andarmos (vivermos) de conformidade com os ditames da Lei do Senhor.
É grande este desafio de andarmos irrepreensivelmente, mas podemos fazê-lo, pela graça de Deus, diante dos olhos humanos, com um padrão de comportamento e com ética governados pela Palavra de Deus, a Lei do Senhor.
Que não tenhamos do que nos envergonhar diante dos homens quanto ao nosso viver, sendo coroados por Deus com esta bendita declaração: bem-aventurados sois.

Deus assim nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Bem-aventurado (12)


“ Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor e se compraz nos seus mandamentos” (Sl.112:1).

As palavras podem ter mais de um sentido em seu uso e nos trazer alguma dificuldade quanto ao seu entendimento. Uma delas é o verbo temer e seus derivados. Ao se falar em temer ou temor, nos vem a idéia de medo e pavor. É claro que tais idéias estão ligadas ao temor, mas em nosso texto não se trata deste medo, mas, sim, de respeito e acatamento com reverência.

A beatitude aqui está ligada ao respeito e à reverência para com o Senhor, em obedecê-lo e viver Seus preceitos e mandamentos. O final do verso é claro neste sentido ao dizer: “se compraz em seus mandamentos”. O temor ao Senhor está , pois, ligado ao prazer em obedecer Sua vontade e cumprir Seus mandamentos.

Vê-se, mais uma vez, que a questão não é de falar : “Ah eu sou temente a Deus” e não cumprir a vontade dEle, mas de viver e praticar Seus ensinos e ordenações, porque o Evangelho não é palavrório , mas realização; não é intenção, mas atitude correta.

Pode-se notar que a partir do verso 5 o salmista alinha uma série de ações que evidenciam a bem-aventurança de temer ao Senhor. A relação é clara: se você teme ao Senhor, então é bem-aventurado e isto porque assume as atitudes apontadas no texto integral deste salmo 112. Convido os irmãos a lerem todo o salmo para descobrirem que o temor a Deus não é sentimento , mas prática, ação.

É preciso destacar, no entanto, que a bem-aventurança diante do Senhor, pode custar caro na relação com a estrutura que se opõe ao próprio Deus. A reação do perverso, ou seja, do que não teme a Deus será de revolta e indignação , não se conformando com este modo de ser do piedoso temente a Deus. Não se deixe abater com esta reação. Continue firme, pois a sua justiça haverá de permanecer para sempre, enquanto o desejo do perverso perecerá.

De fato, bem-aventurado aquele(a) que teme ao Senhor. Aleluia.

Rev. Paulo Audebert Delage.

domingo, 23 de novembro de 2008

Bem-aventurado ( 10 )

“Bem-aventurado o homem, Senhor, a quem repreendes” (Sl.94:12)

Pode-se dizer, diante deste texto, que há bem-aventuranças das quais não queremos participar e que não desejamos ter sobre nossa vida. Esta é uma delas. Pensar em bênção associada à repreensão não é comum, principalmente nestes dias de ufania e triunfalismo barato no meio evangélico, onde as dificuldades, lutas, provações e tribulações são vistas como manifestações de falta de fé.

O salmista tem uma visão confrontante com a que se propala hoje em muitos setores religiosos. É preciso coragem para dizer que repreensão é bem-aventurança. É estar na “contra-mão” da moda religiosa, já que esta ensina que é tudo serenidade, alegria, tranquilidade e descanso.

Ser repreendido significa ser admoestado pelo fato de estar fora da direção adequada dada pelo Senhor. O salmista liga a bem-aventurança da repreensão ao ensino da lei (Palavra de Deus) à pessoa. A repreensão faz com que a lei seja aplicada e a correção se verifique. Quem está sem correção (repreensão) encontra-se em uma situação de risco, no mínimo.

O escritor da Carta aos Hebreus faz coro com o salmista e afirma: “que filho há que o pai não corrige?” (Hb.127). Ele entende o privilégio da disciplina ou repreensão para crescimento e amadurecimento em relação ao conhecimento da vontade de Deus. Estar sem repreensão ou sem disciplia signifca estar fora da manifestaçõa graciosa do Senhor: “Se estais sem disciplina ...não sois filhos”(Hb.12:8).

Estes textos bíblicos soam deslocados e desconectados da realidade que nos cerca neste universo religioso do “cor de rosa” e “azul anil”. Não se pode falar em disciplina, repreensão, correção, admoestação pois afasta as pessoas, espanta os “clientes”, já que a ênfase é “vender o produto mais agradável” e de modo atrativo, com palavras doces, pois a vida já é por demais dura.

Ser repreendido pelo Senhor é também expressão de bem-aventurança, pois ficam claros Seu amor e interesse para conosco , a fim de nos levar a conhecer Sua Lei e Vontade, que são sempre o melhor para nós (Rm.12:2). Regozijemo-nos nesta bem-aventurança, mesmo que possa ser duro de suportá-la, pois certamente ela se manifesta para a glória de Deus e nosso maior bem.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

Bem-Aventurado ( 11 )


“Bem-aventurados os que guardam a retidão...” (Salmo 106:3)

A expressão de beatitude está no plural, indicando que todos os que assim procedem, estão debaixo de seu alcance. Tal bem-aventurança se vincula ao exercício da retidão ou integridade.

É mister notar que a sequência do verso nos leva a perceber que a retidão não se encontra “solta” ou desvinculada de balizamento, antes sua ligação se faz com o conceito de prática da justiça.

Neste sentido a retidão existe como expressão do exercício da justiça, ou seja, não estar em falta quanto a coisa alguma. A idéia de justiça (sobretudo no Novo Testamento) se liga a uma palavra cujo sentido é de não “haver vazio ou lacuna”. Pode-se ter como exemplo uma parede onde os tijolos são sobrepostos e ligados por argamassa, não ficando nenhum vazio entre eles. Isto é justiça; não ficar faltando nada. Isto é retidão; não ficar desvio nenhum.

Uma das figuras usadas na Bíblia, pelos profetas, era o prumo. Este instrumento serve, até hoje, nas construções para verificar a retidão das paredes, se estão ou não inclinadas ou com desvios. Esta figura se aplica à vida cristã e aponta o fato de que nosso viver não pode ter desvios ou tortuosidades.

Nestes dias de tanta injustiça e falta de retidão, inclusive dos que devem ser exemplos de tais posturas, faz-se imperativo que os cristãos evidenciem a retidão, mais do que falar sobre ela. Não se trata apenas da esfera política, onde ficamos, às vezes, enojados e revoltados com a injustiça e falta de retidão, mas os arraiais religiosos vão se tornando palco de tal forma de comportamento, mesmo no ambiente evangélico-protestante. As vidas duplas com fachada de aparência e ostentação no ambiente da comunidade cristã, no entanto, com desvios e tortuosidades a fazer corar de vergonha a Igreja de Cristo e manchar o Nome do Senhor. Já nos falava o apóstolo Paulo: “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa” (Rm.2:24), citando o profeta Isaías em seu livro de profecias (Is.,52:5).

Sejamos bem-aventurados andando em retidão e justiça, honrando o nome de cristão, ou então, por questão de justiça, deixe de chamar-se cristão.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.



domingo, 9 de novembro de 2008

Bem-aventurado ( 8 )

“Bem-aventurado aquele a quem escolhes” ( Salmo 65:4)

Nos limites das regras de interpretação bíblica (hermenêutica), tem-se assentado que os livros poéticos não são adequados para formular e estruturar doutrinas, nem que seja apropriado firmar doutrina em um versículo bíblico isolado do todo. Assim, não se poderia, nem se deveria utilizar este texto para sustentar a doutrina da eleição. Evidentemente que o texto aqui apontado faz referência ao fato de haver uma bem-aventurança grandiosa em relação àquele que é escolhido pelo Senhor.

A Escritura Sagrada fala, em vários e muitos lugares, sobre este aspecto da ação de Deus em escolher, eleger e predestinar, sendo impossível fugir ao fato desta afirmação clara na Bíblia. As interpretações sobre o entendimento do que seja tal escolha ou eleição, podem variar e variam.

Em nosso texto o salmista afirma que é bem-aventurado aquele a quem Deus escolhe. Pode-se ver que é uma ação de Deus a de escolher. É moção de Deus e não fruto do agir do que é abençoado. Não é por ser bem-aventurado que é escolhido, mas torna-se bem-aventurado pelo fato de ser escolhido. É manifestação livre da graciosa vontade do Deus soberano fazer com que seja experimentada por tal pessoa, Sua salvação e a comunhão com Ele.

O texto, na sua sequência, aponta o fato de que tal pessoa foi escolhida e assim aproximada do Senhor, levada à comunhão com Ele, à vivência com o Senhor que a escolheu. A comunhão com Deus, fruto da escolha de Deus, se manifesta no âmbito da habitação de Deus que, no Antigo Testamento, se vinculava mais fortemente ao templo.

A bem-aventurança ocorre, então, pelo fato de ser a pessoa escolhida, aproximada dAquele que a escolheu e levada a assistir (participar) nos átrios (lugar do templo) da habitação de Deus. Escolhido(a) para a salvação, para a comunhão e para o serviço.

Alegremo-nos por este privilégio de sermos bem-aventurados, escolhidos por Ele para esta santa comunhão.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

Bem-aventurado (9)


“Bem-aventurado, Senhor, os que habitam em tua casa” (Salmo 84:4)

No boletim anterior foi lembrada a bem-aventurança daquele a quem o Senhor escolhe. Agora vemos que aquele a quem Deus escolhe tem o privilégio de habitar na “casa do Senhor”.

O salmista usa algumas palavras para expressar o sentido de local de habitação, todas ligadas à idéia de presença do Senhor: tabernáculos, átrios, altares, casa. São palavras distintas que traduzem uma única idéia, ou seja, a de presença do Senhor, lugar onde se pode ter comunhão com o Senhor, por ser lugar onde “Ele habita”.

Claro que após o advento de Cristo e Seus ensinos a noção de lugar de habitação de Deus sofre modificação, e já não se tem mais esta projeção de geografia limitada do sagrado e da presença de Deus. Todos os lugares são sacralizados e se tornam “locus” (local) de adoração e comunhão com Deus.

Ainda que se tenha esta idéia posta no Novo Testamento, deve-se entender que no salmo mencionado, não se pode pensar apenas em lugar físico ou geográfico(templo, Jerusalém, etc), mas em algo mais amplo, abrangente e transcendente. Fala-se de lugar “onde fazer o ninho”, habitar e louvar “perpetuamente”, com forte indicação de permanência e perenidade. Esta idéia não se liga apenas ao tabernáculo (móvel) e ao templo(fixo), mas a algo superior e mais sublime: a habitação de Deus.

De fato bem-aventurados os que habitam em “Tua casa”, pois não se trata do templo, já que ninguém ali habitava, mas apenas entravam e saíam. Trata-se da habitação eterna, na linguagem poética, muito bem posta no salmo 23: “habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”. É sobre isto que o salmista fala: céu.

A beatitude ou bem-aventurança se dá pelo fato de podermos ter certeza de que “habitaremos” para sempre na “casa do Senhor”. Por isso não há lugar mais seguro, mais indicado, mais feliz, mais ditoso, mais precioso e melhor para “fazer seu ninho” ou colocar sua vida, que o “lugar de habitação de Deus”. Isto é possível somente se você receber a Cristo Jesus em Sua vida como seu salvador e senhor, aceitando-O pela fé e o sacrifício que Ele fez na cruz em seu lugar e a seu favor. Que você seja também um bem-aventurado por viver na “casa de Deus”.

Rev. Paulo Audebert Delage.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bem-aventurado (7)


“ Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o Senhor o livra no dia do mal”

É estimulante olhar o que o salmista fala na sequência deste versículo inicial do salmo. Há um número expressivo de promessas e de manifestações amoráveis do Senhor para com o que assim procede.

É claro que não se deve buscar esta bem-aventurança pelos efeitos dela decorrente, ou pelos resultados apontados pelo salmista nos versos 2 e 3. No entanto, o Senhor Se envolve com promessas para com aquele que assim se comporta, não pelos resultados, mas pelo fato em si e que é demonstração do caráter cristão regenerado.

O fato principal realçado pelo salmista é a relação que se estabelece com o necessitado. Esta figura sempre existirá ao nosso redor. Não há como não existir necessitado. Talvez não necessite provisão material imediata, ou sustento físico de alimento. Entretanto, certamente haverá alguma forma de necessidade. É possível que seja necessidade afetiva, carência emocional ou de companhia devido à solidão existencial na qual está mergulhada tal pessoa. Nossas carências-necessidades são muitas e variadas. O próprio salmista diz : “eu sou pobre e necessitado ...” ( Sl.40.17). Ora quem fala é o rei Davi, homem poderoso, rico, saudável, famoso, mas, também, necessitado.

Bem-aventurado aquele que acode ao que tem alguma necessidade. Acudir nem sempre é fácil ou tranquilo. Envolve muito mais do que dar algo e ver-se livre do que é carente. Aliás há quem imagina que isto seja socorrer. Isto é, na verdade, “só correr”, ou seja, você dá algo para ver-se livre do outro o quanto antes. Socorrer implica a idéia de envolver-se, solidarizar-se, compadecer-se. Dar o prato de comida, algum dinheiro para alimento ou remédio é um modo de socorro, mas a bem-aventurança envolve a solidariedade para com o que tem a necessidade, além do mero ato de lhe dar alguma coisa material. Em Cristo vemos o que seja socorrer e, por conseguinte, o que é ser bem-aventurado. Que sigamos o exemplo de nosso Senhor e sejamos igualmente bem-aventurados por acudirmos ao necessitado.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Bem aventurado (6)


“Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança” (Sl.40:4)

O contexto imediatamente anterior ao verso 4, nos fala da situação vivida pelo salmista. Sua experiência fôra extraordinária em termos da manifestação portentosa de Deus em resgatá-lo. Sua condição era de alguém chafurdado, atolado na lama e no lodo. Mas, a mão poderosa do Senhor o alcançou e o resgatou, tirando-o do meio movediço onde estava, dando-lhe a firmeza sobre a rocha.

Esta realidade de resgate e transformação operada pelo Senhor, levou o cantor sacro a louvar a Deus e reconhecer Seu poder, glória e misericórdia. Ele entendeu que toda a ação libertadora e restauradora repousava tão somente na vontade e poder de Deus. A impossibilidade de resgatar-se ficara clara para ele e, portanto, sua declaração é objetiva e precisa: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança”.

Esta expressão nos remete ao profeta Jeremias que , em certo modo, reflete a mesma postura do salmista quando afirma: “Bendito o homem que confia no Senhor” (Jr.17:7). Assim como o salmista entendera que não poderia confiar em si mesmo para seu resgate, de igual modo o profeta enfatiza: “maldito o homem que confia no homem”(Jr.,17:5). Nesta afirmação de Jeremias temos a tendência de pensar no outro homem (ser humano). Isto é verdade. Mas, a extensão deste ensino não está direcionada apenas ao outro, mas também a mim. Assim, maldito aquele que confia em sua própria força humana, em sua capacidade, bondade e virtude. Maldito é aquele que confia em si mesmo, em contraste com aquele que deposita no Senhor sua confiança.

A arrogância humana faz com que busquemos em nós o socorro e depositemos nossas esperanças em nossos restritos recursos. Daí o salmista (como Jeremias) dizer que a bem-aventurada confiança no Senhor é contrastada com a desdita ou infelicidade de pender ou inclinar-se para os arrogantes.

Deixemos de lado a prepotência e sobranceria humanas e confiemos com humildade no Senhor e na manifestação de Sua bondade, poder e graça, sendo assim chamados, mais uma vez, bem-aventurados.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

Bem aventurado (5)


“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada e cujo pecado é coberto” (Salmo 32:1).

Que consolação, que segurança, que certeza, que bênção! O salmista faz esta afirmação que nos leva a descansar e transbordar de alegria o nosso interior. De fato, poder desfrutar esta certeza é algo sublime e maravilhoso.

Há aspectos vários na recepção desta palavra de bem-aventurança. A pessoa que desfruta desta convicção tem a possibilidade de ver resolvidos seus dramas e conflitos interiores gerados pela percepção da culpa. Ao ouvir esta palavra e dela se apropriar, tem seu espírito aliviado de sua dor aflitiva, pois sabe que já não lhe pode pesar mais nenhuma cobrança visto que sua iniqüidade já foi perdoada. Neste sentido a esfera emocional é alcançada por esta bênção e experimenta o descanso.

Quando pensamos que o rei Davi foi quem escreveu este texto, lembramo-nos que também o aspecto social é alcançado por esta bem-aventurança. Seu pecado foi coberto. Percebamos que não está mais encoberto. O pecado foi assumido como tal, confessado e tratado com arrependimento. O que era encoberto e gerava angústia e fazia adoecer, foi descoberto, ou seja, confessado, vindo a ser coberto, isto é, estar sob a ação perdoadora de Deus, mediante o sangue derramado para a remissão da iniqüidade e restauração do penitente. A restauração social é um efeito do perdão do pecado.

Além do mundo emocional e social, vemos que esta palavra do salmista traz-nos uma consolação sem comparações, já que nos garante a felicidade por termos nossas iniqüidades perdoadas. O sentido desta afirmação extravasa os limites do emocional e do social, alcançando as raias do espiritual e do eterno. Não há mais sobre mim a pena de condenação eterna, não mais pesa sobre mim o fardo da aflição perpétua longe da graça e da consolação do Senhor. O apóstolo Paulo afirma, juntando-se ao salmista: “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). A consciência de que a iniqüidade foi perdoada é geradora de paz eterna.
Louvado seja o Senhor.

Nosso pecado confessado e abandonado, do qual nos arrependemos, está coberto pelo sangue de Jesus “que nos purifica” (I João 1:7). Por isso, bem-aventurado o que assim crê e que disto se apropria.

Deus seja louvado.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sábado, 4 de outubro de 2008

Bem aventurado (3)


"Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite." Salmo 1: 2

Falamos sobre aquele que é bem-aventurado nos moldes do verso 1 deste salmo, sob um enfoque do deixar de fazer. Agora a bem-aventurança se reveste do aspecto do fazer.

A manifestação de beatitude ocorre pelo fato de meditar na Palavra do Senhor (Sua Lei) de dia e de noite. Tal figura não pode nos conduzir ao erro de pensar que tal pessoa se põe a ler a Bíblia o tempo todo em todos os seus dias. A idéia de constância ou permanência na vinculação à Lei do Senhor, ocorre no meditar.

Em contraste com a situação expressa no verso 1, a direção da vida deste piedoso se dá pela observância dos princípios na Lei do Senhor. Meditar tem o sentido de refletir, pensar, analisar com profundidade e vagar. É um processo que deve estar presente em nosso viver permanentemente. A influência da Palavra deve permear toda a estrutura de minha vida.

O exercício do constante meditar não se torna entediante ou fastidioso ao que assim se porta, antes é motivo de prazer e satisfação. Há, em seu coração, manifestação de regozijo e nisto, de fato, se alegra. Seu caminhar não é dirigido pelo mero instinto, muito menos pelas diretrizes oferecidas pelos ímpios, mas transborda de felicidade por saber que está caminhando em consonância com as determinações do Senhor.

Pode-se perceber que ocorre uma constante interação, pois tem prazer e medita e meditar trará prazer, que levará ao desejo de meditar. Neste processo cíclico o piedoso será sempre considerado bem-aventurado.

Sejamos bem-aventurados por meditarmos dia e noite na Palavra do Senhor.

Que Ele nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

Bem-aventurado ( 4 )


“Bem-aventurados todos os que nEle se refugiam” (Salmo 2:12)

Refúgio, abrigo, guarida, amparo, proteção. Todas estas palavras estão ligadas a uma das mais profundas necessidades vivenciadas pelo ser humano; a segurança.
Aqueles que vivenciaram a experiência aflitiva da incerteza e da instabilidade, sentindo-se sem o conforto do amparo e vieram a alcançar lugar de estabilidade e segurança, entendem a profundidade e o sentido desta bem-aventurança.


A bênção se manifesta não só pelo fato de nEle termos abrigo e ser Ele o nosso Refúgio (Salmo 46), mas, também, de ser este um lugar onde verdadeiramente encontramos consolo e regozijo. É preciso que se tenha esta percepção, posto haver quem encontre lugar de refúgio, mas tal local não é de bem-aventurança, é, ao contrário, gerador de maior ruína na vida daquele(a) que ali se “esconde” ou se abriga.


Analisem e vejam quantos se “refugiam” no álcool com o intuito de “afogar” suas mágoas e decepções. Quantos há que buscam refugiar-se na medicação que nada mais é (neste caso) que um “ponto de parada” de sua fuga frenética e doentia? Pensem nos que se afundam nos vícios por vislumbrarem nas drogas um refúgio e lugar seguro contra suas angústias. Sim, há coberturas que não cobrem, há abrigos que não abrigam, há proteções que não protegem, há agasalhos que não agasalham, e tantos são os que desditosamente estão se ligando a estes ineficazes refúgios, tornando-se cada vez mais escravizados à infelicidade. Tenha deles misericórdia o Senhor nosso Deus!


Bem-aventurados somos nós e todos quantos conhecem e se refugiam no Senhor Jesus, Aquele que é “socorro bem presente nas horas das tribulações” (Salmo 46:1).

Deus nos abençoe.
Rev. Paulo Audebert Delage.

sábado, 20 de setembro de 2008

Um Tesouro Inestimável – A Escola Bíblica Dominical


Buscar um tesouro é sempre o desafio que vemos nas inúmeras estóriasou nos filmes de aventura. O tesouro é o prêmio conquistado poraqueles que mais se esforçaram, se dedicaram e o alcançaram. Porém, hoje, queremos ressaltar um tesouro valiosíssimo e que, aomesmo tempo, exige que cuidemos bem dele: A Escola Biblica Dominical.

Este tesouro foi-nos deixado por aqueles que amam a Palavra de Deus edesejam que ela seja a luz para o caminho de tantas pessoas, que aindaestão caminhando nas trevas. No entanto, a maioria dos cristãos, hoje, não tem zelado, nem dado adevida importância à Escola Dominical, desprezando assim uma dasferramentas poderosas que a Igreja tem para o crescimento noconhecimento da Palavra de Deus.

1. A Escola Bíblica Dominical é um grande e inestimável tesouro, poisseus ensinamentos alcançam todas as idades. Desde a mais tenra criança ao mais idoso entre os irmãos, a Escola Biblica Dominical tem um ensinamento capaz de ajudar ao crente a sermais fiel, mais comprometido e desenvolver sua fé. Todos têm aoportunidade de conhecer mais ao Senhor e de se aprofundar na riquezada Sua Palavra.

2. A Escola Biblica Dominical é um grande e inestimável tesouro, poisprepara o crente para o tempo presente. Em dias tão conturbados como os dias atuais, onde o "errado" é avaliado pela maioria como "certo", onde a justiça é torcida favorecendo a proliferação do mal, onde o pecado não é tomado,necessariamente, como infração contra Deus, é pertinente que aprendamos o que a Palavra de Deus nos ensina. A Escola Dominical é o espaço onde podemos debater sobre todos estes assuntos à luz das escrituras e assim, aprender e colocar em prática uma forma ética ecoerente de vida. Ela prepara o crente para enfrentar, com fé, aslutas presentes e a ser uma referência em seu viver diário.

3. A Escola Biblica Dominical é um grande e inestimável tesouro, poistambém prepara o crente para a vida eterna. Em nossos dias proliferam os espaços onde algum tipo de ensinamento é dado. Mas, a Escola Dominical prepara o crente para além da morte.Isto mesmo! Nenhuma escola se preocupa em ensinar sobre a vida eterna, sobre a doutrina das últimas coisas, ressurreição dos mortos julgamento final etc.

A Escola Dominical em suas classes, enfatizatodas as verdades bíblicas, e é este o fator que faz diferença no preparo para a vida eterna. O crente se alimenta dominicalmente destas verdades e aprofunda as raízes de sua fé.

A Igreja Presbiteriana de Vila Mariana, desde as suas origens deu lugar de honra à Escola Biblica Dominical por crer que ela é um canal que traz crescimento espiritual e comunhão. Não deixemos de participar destes agradáveis momentos! Devemos mostrar aos nossos filhos que ela é um tesouro de grande valor e também podemos divulgar quão importantes são seus ensinamentos para a nossa vida espiritual.

Rev. Cornélio Caldeira Castro

Bem-aventurado (2)


"Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." Salmo 1:1

O mais devocional de todos os livros da Bíblia começa com esta expressão de bem-aventurança, enchendo de alegria os ouvidos e o espírito dos que lêem. É uma palavra de bálsamo, alento e conforto. Em que consiste esta bem-aventurança com a qual é aberto este livro bíblico? Alguns elementos integram a globalidade desta bênção ou graça. Vejamos:

1) Não andar conforme o ensino dos ímpios. Desde o início dos tempos há sempre aqueles que querem nos "dar conselhos". É claro que muitos são úteis, bons e aceitáveis. No entanto, nem toda orientação ou conselho é adequado. Os que não se coadunam ou se firmam na palavra do
Senhor, devem ser rejeitados, pois são ímpios, ou seja, não pios ou não piedosos. Não são o reflexo do querer de Deus.


2) Não se deter no caminho dos pecadores. É claro que o salmista não nos fala de andar por uma estrada ou caminho literais. O ímpio anda por determinado caminho, ou seja, o ímpio manifesta um padrão de comportamento constituído de certas manifestações de caráter e postura não éticos. Este é o sentido de não se deter neste caminho. Não partilhar dele, não comungar com ele, não imitá-lo, não reproduzi-lo, não vivenciá-lo. A bem-aventurança está em sair e se afastar deste caminho.


3) Não se assentar na roda dos escarnecedores. Interessante que ainda hoje usamos a expressão "rodinha". Claro que nem sempre é em sentido nocivo, e significa, comumente, um ajuntamento com propósito de conversar. Não é repressão ao riso, gargalhada ou manifestação de hilaridade. Aqui se trata de manifestação de escárnio, zombaria e motejo em relação ao que seja puro, lícito, nobre, decente, tornando-se inadequado ao que conhece e ama ao Senhor.

Embora a formulação esteja em forma negativa (não), a essência é positiva em sua manifestação, já que tais atitudes de abstinência nos fazem obedecer a diretriz e vontade de Deus quanto à nossa santificação, que consiste primeiro em deixar o erro e depois fazer o certo, deixar o pecado e praticar a virtude. Deixemos de ouvir o ímpio, saiamos de seu caminho e afastemo-nos de suas "rodas", a fim de sermos chamados de bem-aventurados.

Deus nos abençoe.
Rev. Paulo Audebert Delage

sábado, 6 de setembro de 2008

Bem-aventurado (1)


Daremos início, com esta mensagem, a uma série de pastorais cujo tema é a expressão que encima desta página. Serão feitas abordagens de várias passagens em que tais palavras aparecem, desenvolvendo as idéias ligadas ao conceito da felicidade ou bem-aventurança para aqueles que estão integrados ao Reino de Deus.

Assenta-se, desde já, que nem todas as passagens em que tal expressão consta serão tratadas, mesmo porquê, às vezes, as traduções poderão não coincidir e nossa versão em português não aprentar “bem-aventurado”. A substituição por “bendito” fará com que determinado texto não seja alvo de nossa abordagem ou meditação.

É natural imaginarmos que apenas as bem-aventuranças constantes dos evangelhos serão aquelas a serem tratadas nesta série. De fato o serão. Mas, há muitas outras ocorrências de tais palavras nas Escrituras e muitas delas no Velho Testamento.

Isto é digno de nota por se pensar que o Livro da felicidade é o Novo Testamento e que o Antigo é apenas um amontoado de manifestações de ira, declarações de juízo, proclamação de castigos e maldições. Esta idéia falsa deve ser rejeitada, pois, como será visto, o Velho Testamento é, também, lugar da manifestação de bênçãos preciosas e de declaração de muitas bem-aventuranças.

O sentido destes termos é o de bendito, abençoado, feliz, ditoso, faustoso, venturoso e outros. É comum no inglês a tradução ser: “abençoado”. Penso ser este o melhor sentido e é com o qual estas mensagens serão vinvuladas. Não será usado “feliz”, pelo fato de que felicidade é um “estado de espírito”, e muitos entendem que possa ser gerado pelo indivíduo, ou seja, ele é responsável por sua geração. Isto é, ele é competente por se fazer ser feliz.

O conceito de bem-aventurado (ligado a ventura) está vinculado à ação de outro que propicia tal situação, ou seja, a bem-aventurança é manifesta na vida do indivíduo por ação de outro e não dele próprio. Sua participação em sujeitar-se a certas determinações e assumir certos padrões não fazem “brotar” a bem-aventurança, mas são fatores pelos quais poderá haver a “outorga” ou dádiva da bem-aventurança. Assim, esta não é obra de esforço humano, mas fruto da ação dadivosa de Deus.

Rev. Paulo Audebert Delage

sábado, 30 de agosto de 2008

As Olimpíadas e as Missões

“...Correi de tal maneira que o alcanceis”. – I Coríntios 9:24b

O mês de agosto de 2008 foi marcado pelas Olimpíadas de Pequim. Também, este é o mês em que nós, Presbiterianos, celebramos o mês das missões. As Olimpíadas nos deram um espetáculo fantástico de luzes e cores em sua abertura e uma mostra do esforço e preparação dos atletas quebrando os recordes mundiais. As Missões exigem de nós, Igreja de Cristo, muita preparação e esforço para que haja um espetáculo de Luz e cor na vida daqueles que ainda não estão correndo a Carreira Cristã.

Quando o apóstolo Paulo fez este paralelísmo entre a carreira cristã e um atleta persuadindo-nos a “correr de tal maneira” para alcançar o prêmio, ele coloca numa “olimpíada espiritual” a todos os crentes no Senhor Jesus. Por isto, faremos um paralelo entre as Olimpíadas e as Missões tendo em mente duas lições práticas para nossa vida cristã.

1. O atleta se esforça e dá o máximo de si.

Assim como o atleta se esforça para conquistar o primeiro lugar naquela modalidade esportiva, nossa vida cristã tem que ser marcada pelo esforço e abnegação, constante, na carreira cristã. Igualmente a um atleta vitorioso, nós só alcançaremos a vitória se dedicarmos tempo no exercício da fé cristã. Em Hebreus, capítulo onze vemos muitos exemplos de irmãos nossos que, no passado, se esforçaram e mostraram a glória de Deus nas mais diferentes situações e até em meio a terríveis atrocidades. Em contrapartida, muitos crentes são vencidos pela debilidade, pelo desânimo, pelas pressões externas, pois não se esforçam no exercício diário da Palavra de Deus e da oração e como conseqüência, não podem fazer diferença nem mostrar a glória de Deus hoje.

2. O atleta não vencerá se estiver sozinho.

Às vezes, nossos olhos se enchem de lágrimas, ao ver um atleta alcançando a vitória e mostrando a medalha ao final de sua luta. Porém, para que ele chegasse ao ponto mais alto do pódio, foi necessário um árduo trabalho em equipe; muitos estiveram respaldando-o no patrocínio, como técnicos, auxiliares etc. Da mesma forma, na corrida “missionária” nós temos que respaldar aqueles que estão dispostos a dar o máximo de si para que nações ainda não alcançadas pelo evangelho possam conhecer a Jesus nosso Senhor e salvador. A vitória não será somente daquele que foi enviado, mas de todos. A Igreja se envolveu e esteve intercedendo e contribuindo para que a glória de Deus fosse refletida naquele lugar.

Irmãos, “...Corramos com perseverança a carreira que nos está proposta”! Isto é, devemos nos esforçar ao máximo para estar preparados e firmes, ao mesmo tempo, levando aos outros a mensagem de salvação.

Que Deus nos ajude a compreender isto.

Rev. Cornélio Castro

sábado, 23 de agosto de 2008

Temer ao Senhor


"Se o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural, será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus." Levítico 19: 33-34

O assunto ligado a este versículo é o da chamada xenofobia. Trata-se de uma palavra composta e de origem grega, cujo sentido é: aversão pelo estrangeiro. Este era um problema sério naqueles dias do mundo antigo. Um estrangeiro poderia significar uma ameaça à cidade e ao país, pois era comum a presença de espiões com o propósito de descobrirem as debilidades da defesa da cidade, os lugares mais vulneráveis e coisas deste tipo.


As leis internacionais e as leis de soberania nacional evoluiram e têm tratado da questão da presença do estrangeiro, seja como turista (visitante), como trabalhador imigrante, estudante e outros. Percebe-se, cada vez mais, que a legislação restringe a presença dos estrangeiros e dificulta a entrada deles no país. Vimos que o Reino Unido propôs o absurdo de ter agentes em nosso território para “filtrar” os que para lá desejam viajar. A xenofobia está se tornando cada vez mais forte e a intolerância (veja a França ) com estrangeiros é crescente.


Neste ambiente de “globalização” falar em barreira geográfica, étnica, linguística ou cultural, parece sem sentido. No entanto, embora cada vez mais próximos nesta “aldeia global”, estamos mais aferrados ao nosso espaço vital e lugar de sobrevivência, vendo com desconfiança os estrangeiros e, como se costumava dizer, forasteiros. Poder-se-ia dizer que no Brasil isto é diferente. Claro que somos uma nação miscigenada, mas esta visão romântica de “mistura” vai perdendo seu verniz e a realidade vai se impondo.

O desafio é grande para nós cristãos; receber o estrangeiro e tratá-lo com amor como a nós mesmos. Nossa tendência é o oposto e a exortação é para que seja evitada a opressão ou exploração. A sinalização é para que nos vejamos na dimensão também de estrangeiros. A Israel caberia lembrar-se de seu tempo de estrangeirice (e escravidão) no Egito; a nós cristãos, hoje, nos resta lembrarmos que também somos “peregrinos e estrangeiros” nesta terra (seja em qual solo for). Assim como desejamos ser tratados gentilmente nesta condição de estrangeiros, devemos nós, por temer ao senhor, tratar com gentileza aos que entre nós são vistos como estrangeiros e peregrinos.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Missões, tarefa da Igreja


No mês de agosto é comemorado o mês das missões na Igreja Presbiteriana do Brasil. Isto se dá, porque no dia 12 de agosto de 1859, desembarcou no Rio de Janeiro, o Rev. Ashbel Green Simonton para começar a Igreja da qual fazemos parte: Igreja Presbiteriana do Brasil.


Missões é a tarefa dada por nosso Senhor Jesus Cristo à sua igreja, de pregar o evangelho a todas as nações, começando de Jerusalém. A Igreja de Cristo desenvolve funções importantíssimas em seu serviço religioso aqui na terra, porém a tarefa que ela jamais poderá deixar de fazer, é a de levar o evangelho de Cristo.


O apóstolo Paulo, consciente do dever de fazer o nome de Cristo conhecido, escreve ao final da carta – que enviou aos crentes de Roma – o seguinte: “esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que não tinham ouvido a seu respeito” (Romanos 15:20 e 21).


Assim como Paulo, nossa Igreja, hoje, tem que estar consciente de seu dever e se esforçar ao máximo em levar a palavra de Deus de forma objetiva e fiel desde São Paulo – a nossa Jerusalém, passando pela Judéia – o nosso Estado, Samaria – o nosso imenso Brasil, e até os confins da terra – outros países, povos e tribos distantes.


Nossa igreja está engajada em missões, mas ainda há muito por fazer. Através do envio de duas equipes missionárias ao nordeste brasileiro, podemos ter uma noção das grandes dificuldades e dos desafios a serem alcançados; por meio do nosso Disquepaz temos feito a mensagem de Deus chegar a mais de 160 pessoas por dia, mas ainda há centenas e milhares que não receberam uma palavra de esperança; enviando nossas ofertas, temos investido na vida de missionários no Timor Leste, Paraguai, norte e nordeste do Brasil, abençoando Projetos e Avanços missionários, assim como, a construção de templos. Mas, ainda há muito para ser conquistado.


Temos que ir, onde Cristo ainda não foi anunciado, pois ali estão aqueles que chamamos de “povos não alcançados” – aqueles que não ouviram a mensagem de salvação nem uma vez. Faz-se necessário, portanto, orar e estar muito atentos à voz de Jesus que nos disse: “...Erguei os vossos olhos e vede os campos que já branquejam para a ceifa” (João 4.35b); “...Eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis frutos,...”(João 15:16) e “...Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).


Que Deus nos ajude a entender que esta é a nossa grande tarefa.

Rev. Cornélio Caldeira Castro

sábado, 2 de agosto de 2008

Temer ao Senhor

"Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus." Levíticos 19:31

“Qual o seu signo?” Foi a pergunta que me fizeram. Minha resposta foi: “Girafa”. Isto causou uma indignação tremenda àquela pessoa que comigo estava conversando, pois sentiu-se profundamente ofendida, por entender que eu estava desrespeitando suas concepções e zombando de suas convicções.

Isto não é coisa dos nossos dias; remonta à antiguidade o desejo de buscar os “adivinhos” para se conhecer o futuro. Mesmo em meio ao desenvolvimento tecnológico que estamos vendo, legiões imensas de pessoas ainda estão ligadas a estas formas de previsão do futuro ou adivinhação.

As formas de manifestação de tal conduta são variadas: quiromancia (adivinhar pela “leitura” da mão) , cartomancia (prever o futuro por meio das cartas de baralho), astrologia (horóscopo), chegando até aos “bruxos” e “druidas” com suas poções e caldeirões . É lamentável que estas formas de comportamento ainda encontrem tanta receptividade em nosso meio e cultura.

Os cristãos (mesmo evangélicos) não estão isentos deste tipo de prática (“adivinhos”). Digo isto por haver muitos que se tornam dependentes de certos “oráculos” evangélicos, que são como que “detentores” do saber o futuro, ou de revelações para a vida de alguém. Há pessoas que ligam para saber: “o que o senhor tem para mim hoje?”. Embora estejam envolvendo o Nome do Senhor, esta postura é como a de adivinhação. O exercício da fé e da dependência no Senhor são postos de lado, para uma acomodação ao que já vem definido. Além disto, é uma forma de justificar a irresponsabilidade e a indolência, lançando sobre os ombros de terceiro as decisões e deliberações a serem tomadas.

O futuro pertence ao Senhor, a nós nos cabe depender do Senhor e nEle esperar, sem ficarmos especulando e tentando desvendar aquilo que Deus tem mantido sob seu exclusivo poder. Excepcionalmente pode o Senhor REVELAR a você alguma coisa sobre o que está por vir, mas isto não pode levar quem quer que seja ao exercício de um modo abominável de adivinhação.

O futuro ao Senhor pertence e Ele conduz nossa vida segundo Sua vontade. Entendamos isto e assim vivamos, esperando no Senhor por temer o Seu Nome.

Deus nos abençoe.

Rv. Paulo Audebert Delage.

sábado, 26 de julho de 2008

Temer ao Senhor - XVIII


"Diante das cãs te levantarás, e honrarás a presença do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR." Levítico, 19:32


Faz algum tempo eu estava assentado com um pastor da IPB, de destacada posição na administração da Igreja e que, à época, contava com, aproximadamente, 55 anos de idade. Aproxima-se um outro pastor, este já com mais de 70 anos e a cabeça encanecida, e prontamente aquele que comigo conversava colocou-se de pé e cumprimentou o ancião, que não era figura de eminência ou de destaque nos quadros pastorais da igreja nacional.

Admirei-me desta atitude e falei de minha apreciação por tal ato de sua parte. Ao que me respondeu: “É a Palavra: Diante das cãs te levantarás”. Lição a mim muito preciosa, pastor ainda com meus 35 anos de idade. Aprender a manifestar o respeito para com os idosos aqui, de forma poética, simbolizados pela cãs.

Em nossa cultura ocidental o idoso vinha sendo tratado como objeto gasto e sem função, destinado ao descarte. Felizmente vê-se uma retomada de valor nos termos deste importante preceito, ainda que os nossos adolescentes continuem a enfrentar dificuldades em refletir este padrão de comportamento recomendável.

O Estatuto do Idoso busca resgatar a dignidade social da pessoa que tem alcançado o privilégio de envelhecer, fazendo garantir seus direitos como cidadão e privilegiando-o, legitimamente, em certos aspectos. Mas, não deveria ser assim, ou seja, apenas por força coercitiva da lei, a nossa relação de respeito e reverência para com aqueles que já estão encanecidos e que integram aquela que tem sido chamada terceira idade.

Este preceito é tão importante que o apóstolo Paulo escreve ao jovem pastor Timóteo instruindo-o com relação ao trato com o idoso e o faz nos seguintes termos: “Não repreendas ao homem idoso, antes exorta-o como a pai;... às mulheres idosas como a mães” ( I Timóteo,5:1-2).

Não é apenas a titulação ou a posição de mando que merecem nosso respeito e consideração, mas também a experiência acumulada de muitos anos, aqui simbolizada liricamente pelos cabelos embranquecidos.

Respeitemos os idosos, tributando-lhes o cuidado, atenção, estima e carinho de que são merecedores. E isto por se temer ao Senhor.

Deus nos abençoe.

Rv. Paulo Audebert Delage.

sábado, 19 de julho de 2008

A Breviedade da vida

Há quem diga que a vida é como "castelo de areia perto da onda do mar", como "cristal que é belo, porém fácil de quebrar", ou ainda como a "brisa, que sopra sem que se possa guardar" ou como "nuvens que passam e se dissipam..."

O poeta também declara que "Quem passou pela vida em brancas nuvens e em plácido descanso adormeceu... Foi um espectro de homem, não foi homem. Só passou pela vida, não viveu."

Não creio que nenhum de nós queira que a história da sua vida seja apenas palavras de saudosismo, uma passagem inexpressiva e insípida. Sabemos que a vida é mesmo breve, se desvanece como diz o Senhor: "Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece." (Tg 4:14). Mas enquanto houver fôlego de vida, enquanto permitir o Senhor que vivamos, seja Ele o modelo de conduta, de proceder.

Em Jesus, "somos mais do que vencedores". Ele nos faz livres, abundantemente livres. Ele nos sustenta e protege, nos consola e conforta. Em Cristo temos ensino e orientação. Foi pelas nossas vidas que Ele, o Bom Pastor, deu Sua vida (Jo 10:11). Salvou-nos de um tremedal de lama, por amor do Seu nome. Éramos nada sem Ele, mas nEle somos Luz do mundo, Sal da terra. "Porque o que me achar, achará a vida, e alcançará o favor... (Pv 8:35)" e nEle "se multiplicam os dias, e anos de vida e te acrescentarão." (Pv 9:11).

É nas mãos de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, que queremos e desejamos que esteja a vida de cada um dos que lêem este texto. Não há nada melhor do que pertencer ao Senhor Jesus, e vivermos com responsabilidade, conscientes de que o presente é pequeno, o futuro é incerto, o passado é história, mas que tudo vale à pena se estivermos no centro da vontade do Senhor.

Nada é em vão, insípido e inexpressivo para o Senhor. Ele deu a vida dEle pela nossa! NEle há propósito, porque a vontade dEle para a nossa vida é boa, perfeita e agradável para sempre...

Pr. Yon Morato

sábado, 12 de julho de 2008

Vencedor ou Derrotado ?


No Evangelho de João, capítulo 16 e verso 33, encontramos uma advertência do Senhor Jesus ao mesmo tempo séria e consoladora: “No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
Neste texto, mundo não se refere ao universo sideral, às forças físicas da natureza, mas à sociedade em que vivemos. Um sistema social que deveria ser bom, puro, harmonioso e feliz.

Infelizmente, porém, (como conseqüência do extremo egoísmo do homem, da presunção humana) rebelou-se contra Deus, seu Criador e Senhor. Uma sociedade que pôs Deus à margem dos seus interesses e fabricou para si gurus, gnomos, duendes e outros pequenos deuses. Deuses que satisfaçam os seus desejos e caprichos.

Conseqüentemente, num mundo sem o Deus único e verdadeiro, as aflições se multiplicam. A própria vida passa a armar ciladas para todos nós. É desnecessário relacionar aqui todos os tipos de aflição com que nos defrontamos. Mas, sem dúvida alguma, a mais inquietante nesta era chamada “pós cristã” é a aflição causada pela angústia existencial. Angústia que está destruindo a alegria e vontade de viver de muitos adultos, de um número impressionante de jovens, e até de crianças.

A angústia existencial tem sido a causa de muita violência, de lares desfeitos, de doenças psicossomáticas, do abuso de drogas e bebidas alcoólicas, e de muita perversão sexual. Ao abrir mão de Sua glória divina e tomar as limitações da humanidade, Jesus experimentou fome, sede, angústia, abandono, perseguições, preconceitos, infidelidade, traições, escárnio, injustiça e a tortura da morte na cruz. Por tudo isso Ele passou, por amor de mim e de você. Mas a tudo isso Ele venceu. Ele tem, pois, autoridade para dizer “tende bom ânimo”. E ânimo é coragem, é esperança, é vida!

Mas como ter ânimo... como ter esperança... onde buscar força diante de um problema aparentemente insolúvel? “Eu venci o mundo”, diz Jesus. Em outras palavras, em Mim, comigo, você também vencerá. Referindo-se à vitória de Cristo sobre as vicissitudes da vida, sobre o pecado e a morte, o apóstolo Paulo escreve: “Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Na vitória de Jesus repousa a nossa esperança!

Um pensador contemporâneo afirma que ao final da existência humana haverá apenas duas categorias de pessoas: os vencedores e os derrotados. Em qual delas você estará? Não enfrente sozinho as aflições deste mundo. Não se deixe esmagar pela tristeza ou solidão. Você pode contar com Jesus Cristo. Assegure a sua vitória... enquanto é tempo.

Rev. Eudes Coelho Silva

Temer ao Senhor - XVII


"Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus." Levítico 19:31

Nosso riquíssimo texto continua com suas diretrizes e determinações para nossa conduta como aqueles que temem ao Senhor e, por isso, buscam andar segundo Seus preceitos. A advertência agora é não seguirmos os necromantes.

Esta palavra é composta de dois termos: necros e mancia, cujo sentido literal é prever (adivinhar) pelos mortos. É a prática de se consultar os mortos para receber deles alguma forma de revelação de acontecimento futuro, ou de elementos ocultos do passado.

O fato de haver uma proibição não significa que exista a verdade de que se possa consultar os mortos. Esta forma de consulta existe, é possível. No entanto, a realidade (fenômeno) não significa, necessariamente, verdade. Desta forma, os que consultam os mortos, têm, muitas vezes, contato com seres que lhes falam por meio de “médiuns” (mediadores) humanos. No entanto, estes seres que se manifestam não são os mortos, mas espíritos decaídos e enganadores , cujo propósito é envolver as pessoas e torná-las cativas desta prática.

A vivência da necromancia, nada mais é do que aquilo que se chama de espiritismo, ou kardecismo, onde afirma-se que o espírito dos mortos volta e se manifesta para várias realizações ou por vários motivos. Deve-se notar que o Candomblé e Umbanda estão também ligados a este gênero de manifestações, embora digam que não se trata de espíritos de mortos ou de desencarnados, mas dos deuses que integram e compõem a natureza.

À luz das escrituras estas formas de religiosidade mediúnica são condenadas com rigor. O motivo é claro, já que deslocam o eixo de confiança exclusivamente na graça de Deus para tais entidades.

A relação com o Santo ou Sagrado se faz na mediação destas entidades, sendo elas (evoluídas) agentes para nos ajudarem, ou (inferiores), consistindo em seres que devam receber ajuda e doutrinação para evoluirem.

Não é possível haver cristão regenerado e reformado, que esteja ligado a tal tipo de prática e isto pelo fato de se temer ao Senhor. Nossa confiança está somente no Senhor. Seja sobre nós Sua graça.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sábado, 5 de julho de 2008

Temer ao Senhor - XVI


"Guardareis os meus sábados e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o SENHOR." Levítico 19:30
Nossa atenção se volta, conforme o texto, para a necessidade de reverência em relação ao lugar de adoração. É preciso notar que santuário aqui referido não era o templo, mas o tabernáculo (tenda móvel) no deserto. O sentido do texto é que o lugar de habitação de Deus deve ser tratado com reverência e respeito.

À medida que o tempo passou, houve uma modificação em Israel e se introduziu o templo, onde passou-se a ensinar ser o lugar de habitação de Deus, embora Ele dissesse que “não habita em templos feitos por mãos humanas” (Atos, 7:48; I Reis,8:27).

O Senhor Jesus dará importância ao templo ao dizer: ”minha casa será chamada casa de oração” (Mt.21:13) e ensinará a reverência quando da adoração. Mas, disse também que aquele templo-edifício seria destruído (teria cumprido sua função - Mt.24:2) e faz referência ao Seu próprio corpo, como o templo que seria reerguido depois de três dias (referência à Sua ressurreição- João,2:19-21), mostrando uma nova concepção sobre o santuário (templo) não mais como edifício, porém como corpo.

O apóstolo Paulo retomará esta forma de entendimento e reforçará este aspecto ao ensinar que nosso corpo é o templo-santuário e habitação de Deus (I Cor.6:19) e que, portanto, na visão de Levítico, devemos reverenciar este santuário, ou seja, nosso corpo. Assim, como não devemos cultuar o templo, não devemos cultuar nosso corpo. Mas, assim como cuidamos e somos zelosos com o templo (edifício) temos que ser cuidadosos e zelosos com nossos corpos-santuários.

Não estamos falando que se possa “profanar” o templo-edifício e nem que se deva ser irreverente ali. Mas, a reverência não é por causa do lugar, e, sim, por causa do que se faz (adoração) e a quem se faz (o Senhor). Claro que Ele está “no seu santo templo” (Hc.2:20) e por isto ali se torna santo o lugar. Também como Ele habita em nós, este templo-santuário (o corpo) deve ser tratado com sacralidade, não por causa dele em si, mas pelo fato de ser habitação do Espírito Santo.

Portanto, por causa de se temer ao Senhor, tenhamos reverência no lugar de adoração (templo-edifício) na hora do culto, e tenhamos reverência com este lugar de habitação de Deus (nosso corpo) todo o tempo, não o profanando nem violando com pecados no corpo, a exemplo da gula, fornicação, adultério, prostituição, sodomia. Por temer ao Senhor, mantenhamos limpo e com reverência o santuário do Senhor.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

sábado, 21 de junho de 2008

Qualificações dos oficiais da Igreja


Vimos em nosso boletim anterior alguns aspectos trazidos em nossa Constituição sobre as qualificações dos oficiais da Igreja. Neste, falaremos sobre as qualificações encontradas na Bíblia Sagrada.

O apóstolo Paulo ao escrever a Timóteo fala dos bispos (presbíteros) e diáconos, conforme pode-se ver:
"Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo.
Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo. Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância,
conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato." I Timóteo, 3:2-10


"O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus. " I Timóteo, 3:12-13.

O mesmo apóstolo escreve a Tito (1:5-9) reafirmando as qualificações do presbítero, embora nesta carta não fale sobre os diáconos.
"Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem." Tito 1:5-9

Em Atos, 6:3 ocorre a indicação de qualidades dos irmãos que deveriam integrar o corpo dos que prestariam socorro e ajuda na esfera da assistência aos necessitados. Os que fossem eleitos deveriam reunir, pelo menos, aquelas qualidades apontadas.

"Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço;" Atos 6:3

Vemos que a Bíblia fala destas duas categorias de “oficiais” na Igreja, e que nós mantemos como indicado nas Escrituras. As qualidades exigidas devem ser observadas por nós e estar presentes nos que indicamos e elegemos. Elas foram apresentadas para serem levadas em conta, quando de nossa decisão de escolha dos que postulam o oficialato na Igreja.

Seja criterioso (a) na avaliação e análise daquele que será indicado por você.

Como saber se ele reúne as qualidades descritas na Bíblia? Algumas são claras como pontualidade, assiduidade aos trabalhos da Igreja, e em sua objetividade não necessitam de informação de outras pessoas. Outras, como por exemplo, sobriedade (não dado a muito vinho), temperança, não espancador (não violento), devem ser analisadas no contexto amplo da vivência daquele que será indicado.

Verifique estes aspectos na vida dos homens da Igreja e então decida. Talvez você não encontre todas estas qualidades em uma única pessoa. Não desanime, busque aquela que reúne o maior número de qualidades apontadas e então vote.

A leitura dos textos bíblicos indicados é de grande importância para este momento. Assim, leia, medite, analise, ore e decida a indicação e compareça à assembléia para votar. Não se omita, não se furte à participação, não se prive de poder decidir. Seu voto é que determina a expressão da liderança maior da Igreja.

O privilégio é seu e a responsabilidade também.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage

terça-feira, 3 de junho de 2008

Temer ao Senhor XV


"Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se; para que a terra não se prostitua, nem se encha de maldade."Levítico, 19:29

O assunto de nosso riquíssimo texto tem um certo aspecto de tabú no contexto de nossas igrejas, é a questão do sexo. É dito para não se contaminar a filha, fazendo-a prostituir-se. Alguns aspectos merecem nossa atenção para melhor percepção do ensino aqui posto.

Deve-se ter em mente que o primeiro interesse tem conotação religiosa, ou seja, trata-se da questão da “prostituição cultual”. Isto era bem comum no mundo antigo onde as divindades tinham sacerdotes e sacerdotisas que ofereciam favores sexuais aos adoradores daquela divindade.

O Senhor está determinando que tal coisa não se verifique em Israel. Javé não aceita este tipo de manifestação religiosa para consigo e em seu culto. Portanto, entregar a filha (ou filho) para este tipo de prática é abominação ao Senhor, mesmo que se lhe dê conotação religiosa. Não se pode desconsiderar o fato de que o texto não é restritivo apenas a esta forma de comportamento ligado à ilicitude do sexo. Embora haja um termo técnico na tradução (prostituição), que vincula o fazer sexo com alguma forma de recompensa financeira ou benefício pessoal, deve-se fazer uma leitura mais ampla sobre a restrição de se conduzir à impureza sexual sua filha ou filho.

Neste sentido, tem-se que tomar os cuidados devidos para não sermos agentes de tal circunstância na vida de nossos filhos(as). Cabe ao pai e à mãe não só orientar aos filhos, mas restringi-los no que diz respeito à utilização de meios ligados às formas ilícitas do sexo.

A Bíblia informa sobre fornicação (sexo anterior ao casamento), adultério (sexo com outro(a) que não o cônjuge), lascívia ( desejo descontrolado e satisfeito fora do padrão estabelecido pelo Senhor) e impureza (vínculo com manifestações sexuais ilícitas) titulando-as de “obras da carne” ( Gl.,5:19).

Outro aspecto a ser ressaltado é que tal comportamento está ligado à manifestação da maldade. Esta forma de contaminação projetará uma ampliação da maldade. Como? Vê-se que a violência, o crime, a exploração, as drogas , etc, são parceiros da prostituição. Andam, costumeiramente, de mãos dadas. As pessoas envolvidas neste modo de agir, merecem nossa intercessão, e não devem ser desrespeitadas como seres humanos que são.

Discordamos de seu modo de agir, mas não podemos agredi-las ou abominá-las. É preciso lembrar que Jesus falou com prostitutas, tratou com elas, levou-lhes a palavra de salvação, embora nunca tenha concordado e aceito seu modo de viver.

É imperativo não ser agente de tal forma de contaminação e buscar resgatar aqueles(as) que assim têm vivido. Isto por causa de se temer ao Senhor.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Temer ao Senhor - XIV


"Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor." Levítico 19:16

Retomamos nosso texto para reflexão deparando-nos com um assunto de muito interesse para os pais que têm seus filhos na adolescência ou mocidade. O assunto tratado é a possibilidade de imprimir marcas em seu corpo. É evidente que aqui não se está pensando em tatuagem nos moldes atuais. A prática aqui apontada estava ligada aos espíritos, não era estética ou moda.

Quando alguém imprimia uma marca em seu corpo tratava-se de pertencimento a um deus ao qual se ligava. Isto ainda é comum na Índia onde tal identificação é muito costumeira. Como disse, não era uma questão apenas de marcar seu corpo, já que Deus determinara ao judeu proceder à marcação de seu corpo (de modo indelével) por meio da circuncisão, significando sua identificação com Ele, ou seu pertencimento a Ele. Deste modo este texto não pode ter sua aplicação vinculada diretamente às tatuagens de hoje.

O que se deve questionar é o sentido das tatuagens, o propósito delas e a que elas se prestam. Elas estão ligadas à integração de gangues, vinculação com determinado espírito, provocação de sensualidade.

Alguém pode perguntar, então, sobre a possibilidade de tatuar-se com o nome Jesus, ou com símbolos cristãos ou até escrever um versículo bíblico. Não é na pele que estas coisas devem estar impressas, é no coração. Foi isto que o Senhor disse ao povo quando fala sobre “circuncidar o coração”. Nós temos uma tatuagem na alma.

Paulo nos fala que fomos selados (marcados) com o Santo Espírito da promessa (Ef. l:13), ele ainda nos fala de trazermos em nosso corpo as marcas (estigmas) de Cristo, ou seja, os sinais que são fruto do compromisso de fidelidade ao Senhor.

Pergunte-se sobre o motivo de querer ter em seu corpo uma marca de tatuagem. A resposta estará ligada ao aspecto de que é “legal” e que “todo mundo usa”. O que mostra não haver sentido cristão relevante para marcar-se. “Mas, é apenas uma bela e pequena borboleta no tornozelo”.

O Rio São Francisco nasce como um simples filete de água na Serra da Canastra, mas acaba por tornar-se um de nossos maiores rios. Deixe-se tatuar e procure ser tatuado(a) pelo Senhor na estrutura de sua alma e em seu caráter , e não pela mão do homem em sua pele.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Audebert Delage.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Temer ao Senhor XIII


"Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR." Levítico 19:16

Ao ler o texto apontado acima, não pude deixar de recordar meus tempos infantis, quando apanhava mexericas na árvore para saboreá-las. Havia um problema, o sumo que delas saía era de um cheiro fortíssimo e peculiar (até bom) e você não podia “esconder” que havia chupado a fruta.

Às vezes, “pegávamos” a fruta no quintal do vizinho, e não dava para esconder quando chegava em casa. Então recebíamos um bom corretivo, normalmente da mãe. Não era apenas mexerica, era mexeriqueira.

O texto original usa uma palavra que pode ser traduzida por “camelô”, ou seja, mercador que leva bugigangas (coisas de pouco valor) pelas ruas, no intuito de passá-las a outros. A qualidade é duvidosa, a origem não muito recomendável e não há responsabilidade oficial (sem impostos) ou formalidade.

A palavra é bem incisiva ao nos determinar não andarmos “entre o povo” como estes tais. Vejam que o “mexerico” tem relação muito próxima com a figura do “camelô”. A qualidade da “informação” veiculada é duvidosa, já que não vem sustentada em fatos (na maioria das vezes), mas apenas naquele famoso: “você ouviu? Ihhhh!”. A origem não se apresenta como recomendável, até por não se saber ao certo onde foi que começou tal mexerico e qual sua fonte de referência. Por fim, vemos que inexiste a responsabilidade, ou seja, ninguém escreve e assina mexerico. Aliás, quando se pede para que assine (e assuma) aquilo que se disse, a resposta é evasiva, alegando-se que isto lhe seria prejudicial e estragaria sua amizade com fulano e beltrano, além do que ficaria mal para sua “imagem” entre os irmãos. A informalidade é, aqui, sinônimo de irresponsabilidade.

Este tipo de conduta é extremamente lesivo à vida dos que se tornam alvo do mexerico. Talvez alguém pergunte sobre o caso de ser verdade o que se diz no “comentário” feito. Não importa, o mal é claro. Você precisa ir à pessoa e indagar, questionar e confrontar (se preciso). Não fale da pessoa ou sobre a pessoa, fale com a pessoa.

Termino esta pastoral citando o livro de Provérbios em sua significativa diretriz de ética para a vida de todos nós: “Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo mexeriqueiro, cessa a contenda” (Pv. 26:20).

Andemos com integridade também no falar, devido ao fato de se temer ao Senhor.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Delage

domingo, 27 de abril de 2008

Temer ao Senhor XII


"Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo." Levítico 19:15

O foco de nosso texto de hoje é a justiça-injustiça. A formulação segue a estrutura do negativo: "Não farás injustiça..." Nada impede que façamos a formulação de modo positivo: Farás justiça. Este clamor e desejo profundos por justiça não são apenas manifestações de nosso tempo, mergulhado em um caudal de injustiças em suas multiformes manifestações.

O texto nos fala sobre igualdade, ou melhor, equanimidade, alertando para que não haja benefício a favor de alguém e, consequentemente, lesão ou prejuízo a outro. Percebamos que não se fala apenas em comprazer ao grande, mas, também, em favorecer o pobre. Este é um conceito interessante, pois normalmente nós julgamos que devemos privilegiar ou favorecer o menos abastado ou mais pobre, ou ao mais poderoso.

Ambos (grande ou pequeno) devem ser tratados em iguais condições e com a mesma distinção. A hipossuficiência (qualidade de alguém que está em situação inferiorizada em relação a outrem) é vista, em nosso direito, como elemento determinativo de certo privilégio ou de maior amparo pelo Estado-Juiz ao que dela é "portador". É claro que isto se faz necessário devido ao descumprimento do preceito contido neste versículo: não comprazer ao grande. Porque a tendência é privilegiar o grande, o pequeno deve ter este amparo do Estado.

Importante se faz notar que, embora o texto nos fale sobre juízo, a possibilidade de se cometer injustiça não se vincula apenas à esfera jurídico-legal. Nossa manifestação de juízo é constante e permanente no ambiente de nossas relações sociais e, frequentemente, nos vemos sob o imperativo de exercitarmos nossos julgamentos.

A absoluta objetividade e imparcialidade são ideais e seu alcance plenamente não é possível. No entanto, devemos (e podemos) nos empenhar para que sejamos o mais imparcial possível em nossas manifestações de juízo.

Procure ouvir com cuidado e atenção ambos os lados, analise todas as informações disponíveis, busque escutar pessoas que tenham conhecimento do fato e que evitam emitir juízo de valor sobre o mesmo, não se deixe "contaminar" pela avalanche de informação massificante. Estas, entre outras, são algumas medidas que nos ajudam a não fazermos injustiça e agirmos corretamente sem favorecer o pobre, ou comprazer ao rico, devido ao fato de se temer ao Senhor.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Delage

domingo, 20 de abril de 2008

Temer ao Senhor XI


"Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã" Levítico 19:13

Continuamos a explorar este preciosíssimo e profundo capítulo das Escrituras Sagradas. Sua abrangência e riqueza são muito grandes e significativas.

O tema agora tratado no verso 13 é a relação do trabalho e do valor deste trabalho representado no justo pagamento ou salário. Pode parecer estranho que este tema esteja presente aqui neste contexto e nesta época, mas isto mostra o interesse e o cuidado de Deus com as relações inter-pessoais, inclusive com a questão do trabalhador.

A exploração do homem pelo homem remonta aos primórdios da civilização humana. Infelizmente esta relação sempre foi algo que fere nossa constituição como seres humanos. Uma das formas de exploração mais comum e, muitas vezes, justificada é a econômica, e isto na esfera da paga pelo trabalho realizado.

Vejam que o cuidado se manifesta até mesmo no fato de não reter a paga até o dia seguinte.
Trata-se de alimento, mantença, sustento. O trabalho é a moeda de troca daquele que dele depende e não tem o capital, nem a terra ou os meios de produção. Este retardamento do acerto poderia significar a fome de uma família, a inexistência de sustento para um lar.

Nós, cristãos, somos desafiados a vermos nossa responsabilidade quanto ao pagamento justo e
devido àqueles que contratamos. Não podemos reter com fraude (Tiago, 5:4) o salário dos que
laboram para nós e por nós.

Nosso capital não pode ser elemento de exercício de poder e exploração. Quando podemos pagar e sabemos que é justo pagar o que se tem que pagar e não fazemos, isto é pecado.

Darmos aumento salarial a um empregado para impedir que vá para outra empresa, é indicativo sério de que agíamos iniquamente, retendo fraudulentamente o que era devido pelo trabalho desenvolvido. Reconhecemos que ele merece mais do que recebe, podemos dar-lhe o aumento, mas não queremos dimunuir nosso lucro. Isto é uma forma de usura, cuja condenação está clara nas páginas da Bíblia.

“Digno é o trabalhador do seu salário”(I Tm.5:18) não é um princípio aplicável apenas ao trabalho religioso, mas a todo exercício laboral pelo qual alguém alcança seu sustento e o dos de sua casa.

Somos, como cristãos, chamados a este desafio em nossas relações de trabalho na condição de
“patrão”: não retermos injustamente os salários dos que para nós trabalham.

Deus nos abençoe.

Rev.Paulo Delage

Temer ao Senhor X


"Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;" Levítico
19:11
"Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela
manhã" Levítico 19:13


Furtar (versículo 11) e roubar (versículo 13) são conceitos bem próximos. O que gera distinção entre ambos é que no primeiro inexiste a figura da violência, enquanto no segundo esta está presente.

Ressalvada esta diferença, ambos trazem consigo o elemento comum: subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Com este núcleo comum fica claro que, em ambas atitudes, existe a lesão do direito de um terceiro subtraído de seu bem.

Pode-se pensar que isto é apenas aplicável àqueles indivíduos que operam nas ruas assaltando os
cidadãos de bem ou subtraindo-lhes sorrateiramente os bens. Isto não é verdade.

Somos muitas vezes furtados e mesmo roubados em nossa dignidade e valores, quando sofremos violência de termos que pagar indenizações a pessoas que optaram por uma forma de vida contrária à estabelecida pelo Estado. Pessoas que mataram, feriram, roubaram, sequestraram e violentaram a muitos e que hoje temos que sustentar ou ajudar manter.

Por vezes somos nós os roubadores ou furtadores, inclusive do próprio Deus, que assim se expressa: “Vós me roubais nos dízimos e ofertas” (Ml.3:10). Constituimo-nos agentes desta forma de subtração daquilo que não nos pertence, mas do qual nos apossamos indevidamente.

O cristão é chamado a ser o exemplo (não gostamos disto e sempre queremos nos escusar) de conduta no contexto da sociedade onde se encontra inserido. Exige-se dele esta postura de integridade, e é confrontado quando não cumpre aquilo que dele se requer e espera neste assunto.

Posso discordar da amplitude demasiado excessiva de nosso catecismo, mas a transcrição da
pergunta 142 e sua resposta é de valor significativo neste ponto e concordo com ela: “Quais são
os pecados proibidos no oitavo mandamento?”
Resposta: “...o furto, o roubo, a receptação de
qualquer coisa furtada, tráfico fraudulento, pesos e medidas falsos, remoção de marcos de
propriedade, injustiça e infidelidade em contratos entre os homens...a opressão, a extorsão, a
usura...a acumulação de gêneros para encarecer o preço...”


Vivamos de tal modo a honrar ao Senhor nosso Deus, não cobiçando o que seja do próximo, evitando o sentimento da ganância que, por certo, nos conduzirá ao fim infausto do descumprimento de Sua Vontade para conosco.

Deus nos abençoe.

Rev. Paulo Delage